Governo do Estado do Espírito Santo
01/01/2012 22h00 - Atualizado em 18/05/2018 09h18

Discurso do comandante geral da PMES na passagem de comando do 14º Batalhão


Confira na íntegra o discurso do comandante geral da Polícia Militar, coronel Ronalt Willian de Oliveira, e do subcomandante geral, coronel Dejanir Braz Pereira da Silva, durante a passagem de comando do 14º Batalhão, em Ibatiba, na última quinta-feira (29 de dezembro de 2011).

Comandante Geral:

"Ilmos. Srs. Oficiais e Praças da ativa e da inatividade aqui presentes, Autoridades políticas, eclesiásticas, empresariais, judiciárias e acadêmicas presentes,
Senhoras e senhores,

Começo minha fala narrando um trecho da Canção do Soldado Capixaba, Hino oficial da PMES, que diz: “Sou soldado da Terra de Ortiz, missão nobre me impõe o dever...”. Dito isso, me vem uma reflexão: Quão nobre sempre foi, é e será a nossa missão!

Missão esta exclusiva, intransferível, honrada, mas notadamente não reconhecida e infelizmente, algumas vezes usurpada e vilipendiada.

Esta solenidade tem para todos um duplo simbolismo. Para alguns, é sinônimo de novos tempos, com novas esperanças e expectativas de mudanças. Para outros, o ato se reveste de um pesar muito grande.

Um pesar que se espraia por todas as comunidades que conheceram e conviveram com o Ten Cel Welinton por esses 23 anos em que trabalhou nesta região, desde que aqui chegou, ainda como Aspirante, atuando na cidade de Iúna.

Muitas foram as suas realizações. Muitos foram os combates que travou com a criminalidade que insistia em se instalar na região, expressão do seu poder econômico e de sua situação geográfica.

Com sua ascensão hierárquica também veio o crescimento da Unidade Policial, que se transformou em Companhia Independente e, finalmente, em Batalhão, o 14º Batalhão.
E em todos os momentos dessa evolução, aquele Oficial esteve presente, correspondendo à confiança que o Comando da PM lhe depositava. Não se cogitava em nenhum momento a sua remoção ou substituição no Comando, uma vez que o que fazia na sua função atendia aos anseios da comunidade honrada que habita essa região do Espírito Santo.

Porém, o infortúnio sobreveio. Surpresos ficamos, nós e a sociedade iunense e ibatibense, diante dos motivos que ensejaram a realização da Operação Magogue, aqui levada a efeito no último mês de novembro.

Inicialmente supusemos que o afastamento do Ten Cel Welinton seria por alguns dias - horas até – mas os fatos não aconteceram como prevíamos. Tivemos de interromper as férias e designar o Maj Gunther, sub Cmt, para responder pelo comando do Batalhão, até que os fatos fossem esclarecidos.

Contudo, o tempo inexorável nos impôs a tomada de decisões mais concretas, de longo prazo, diante do prolongamento da prisão daquele Oficial.

A substituição que hoje se realiza, decorre de uma imposição da legislação que rege a administração pública, onde a vacância do cargo de Comandante de Batalhão exige que seja nomeado outro Oficial para a função.

A escolha recaiu sobre o Maj Alexandre, que além da confiabilidade e experiência, é conhecedor desta região, o que muito facilitará a interlocução com as comunidades, com as instituições e autoridades locais.

Os fatos aqui ocorridos têm de ser legalmente apurados, com a exigida isenção e lisura, para que sejam esclarecidas quaisquer dúvidas que ainda pairem sobre a conduta dos Oficiais e Praças que foram afastados desta Unidade.

A Corporação Policial Militar e este Comando não coadunam com quaisquer atos ilícitos, com desvios de função nem com ações de seus membros que não se revistam de clareza, lisura e legalidade e que visem o bem comum da sociedade.

Estejam convictos os Senhores de que a Polícia Militar nunca os abandonou. Que este Comando sempre esteve do lado da lei e ao lado de cada um de vocês na busca pela verdade e pelo esclarecimento de todas as acusações que tenham sido perpetradas contra os Oficiais e Praças, outrora afastados desta Unidade.

Sempre prevalecerá entre nós a certeza da honra e da honestidade de cada um dos senhores. Os desvios de comportamento, a tendência à desonestidade e o pendor ao descaminho sempre serão a exceção, jamais a regra, ou condutas aceitas com naturalidade.

Todas as medidas administrativas e perquirições aos órgãos públicos envolvidos naquela operação que foi realizada, foram oficialmente feitas para que nada fique sob a obscuridade ou sob o manto da impunidade ou da desconfiança.

Nesta linha, este Comando enviou cópias de todos os Relatórios referentes à Operação à Auditoria de Justiça Militar, ao Procurador Geral de Justiça e ao Chefe de Policia Civil, para que, no âmbito de suas competências, apurem os excessos e as ilegalidades que consideramos terem sido praticadas neste local.

A Constituição Federal impõe a todos o Principio da Legalidade, em quaisquer ações do Estado e de seus agentes públicos, estabelecendo nitidamente a competência de cada órgão, com seus limites e abrangências.

Não nos cabe aqui emitir qualquer juízo de valor ou julgar a conduta do Ten Cel Welinton, do Cap Jocelino e das Praças que foram afastadas do serviço. Deixamos isso para Polícia Judiciária, dentro dos estritos limites constitucionais, que poderá prover o Poder Judiciário de provas que confirmem – ou não – a motivação da prisão e do afastamento destes policiais de suas funções.

Inúmeros são os casos noticiados na mídia, onde autoridades policiais e seus agentes, no afã de criarem espetáculos para a imprensa, submetem cidadãos dignos e idôneos a constrangimentos públicos, julgando-os e condenando-os precipitadamente perante a sociedade e causando prejuízos morais, psicológicos e profissionais a eles e seus familiares, irreparáveis e irreversíveis.

A presunção da inocência, Senhores (as), é uma cláusula pétrea do Estado Democrático de Direito em que vivemos e nisso acreditamos.

Hoje, um novo tempo se inicia para o 14º Batalhão. A mesma lealdade e compromisso que os senhores tinham com o Ten Cel Weliton, devem ter com o Maj Alexandre.

Estamos certos de que o Maj Alexandre desempenhará sua função com o mesmo brilho com que já o fez no 3º e 9º Batalhão.

Ações e manifestações individuais devem ser evitadas, para que não se avolumem os boatos e se acirrem os comentários desairosos que tanto desgaste causam às Instituições.

A sociedade dos municípios da área do 14º BPM não ficarão desassistidas, como nunca ficou, pois juntos seremos sempre fortes e a Policia Militar estará sempre pronta para SERVIR E PROTEGE-LOS.

Muito obrigado. Tenham um bom dia e um próspero ano novo de muitas realizações".

Discurso do subcomandante geral:

"Senhoras e Senhores, Companheiros de Farda e um cumprimento especial aos meus camaradas do 14º Batalhão!

Dirijo-me a vocês nesta ocasião e quero dividir esta alocução em duas vertentes opostas.

A primeira, com pesar e constrangimento e, por isso, começo por ela. Entretanto, já antecipo, desejo e nem tenho dúvidas de que a segunda em muito sobrepujará a primeira.

Assim, para começar, quero falar e fazer conjecturas acerca do Ten Cel Welliton Virgílio Pereira.

É justamente por isso que há um pesar e um constrangimento de minha parte pois quem deveria estar aqui neste momento é o próprio Ten Cel Welliton.

Esse Oficial, verdadeiro comandante deste batalhão, construiu grande parte da sua carreira nesta região.

Aqui, o Ten Cel Welliton cresceu na sua carreira militar e, ao mesmo tempo, fazia crescer a organização da Polícia Militar. De uma simples companhia destacada do 3º BPM, tornou-se uma Companhia Independente.

Hoje, a estrutura existente e oferecida à população desta região é um batalhão: o 14º BPM.

No entanto, esse Oficial que, de direito, deveria estar aqui fazendo esta passagem de Comando e recebendo as merecidas homenagens que o rito militar estabelece não pode estar presente.

É preciso ressaltar: o que mais nos causa dor são as circunstâncias até agora obscuras e estranhas que motivaram o seu impedimento.

Neste batalhão ou em qualquer outro segmento da Polícia Militar não se questiona nenhum procedimento fundamentado nos valores legais, morais ou éticos.

Quando me referi às questões obscuras e estranhas o fiz pelo fato de, até este momento, não termos informações sobre fatos contundentes que pudessem resultar no ambiente criado e ora existente entre os habitantes desta região.

Creio no princípio constitucional e republicano da inocência. Aliás, penso que posso afirmar que todos os presentes nesta cerimônia creêm nesse princípio.

Espero que o futuro traga esclarecimentos cristalinos a fim de que possamos ter a dimensão exata da verdade.

A segunda vertente que quero abordar nesta alocução é mais prazeirosa.

Diferentemente do tom de lamento da primeira, esta parte do meu discurso é dirigido a todas as Comunidades da área de circunscrição deste batalhão mas, principalmente, a vocês, caros soldados.

Tivemos um momento de tribulação; um terremoto se abateu sobre nós. Isso não foi suficiente para nos levar a nocaute. Nada nos nocauteará!

Ao contrário: é nos momentos de dificuldades que mostramos uma união cada vez mais forte; que nos agigantamos cada vez mais.

Aos munícipes de Ibatiba, Ibitirama, Iúna, Brejetuba, Irupi e Muniz Freire, cidadãos do bem e de bem, quero lhes dizer que sempre poderão contar com a Polícia Militar. Vocês foram e são socorridos e protegidos por ela. Há 176 anos é esta Corporação que lhes socorre nos seus momentos de aflições.

Não raras vezes, é o único braço do Estado que lhes é estendido quando vocês o procuraram e não encontraram ninguém mais além da Polícia Militar.

Para ilustrar o que digo, façam-se apenas uma pergunta: qual é a organização que está pronta para lhes atender em qualquer dia, em qualquer hora? Natal, ano novo, duas horas da manhã, em um recanto qualquer do Estado....; e não me digam que os outros Órgãos que deveriam lhes socorrer não têm efetivos.

Reflitam e considerem isso.

Ao Maj Alexandre Quintino Moreira, saiba que a lealdade desta tropa será incondicional para com o senhor assim como o foi com o Ten Cel Welliton.

A vocês, soldados do 14º BPM, quero que saibam que o Comando da Corporação confia e enaltece o trabalho de cada um de vocês.

Muitos tentam nos imitar; tentam se parecer com vocês. Na sua indumentária, na sua postura, na sua conduta, enfim, tentam. Porém, você, soldado da Polícia Militar, soldado do 14º BPM, você é inigualável!

Nós somos fortes; nós temos a têmpera do aço e, assim, nada e ninguém nos destruirá.

Então, quando outros terremotos se aproximarem, quando águas revoltas estiverem na nossa rota, quando táticas de guerrilha forem usadas contra nós ou quando recalcados de plantão tentarem nos apedrejar lembremo-nos de uma canção que entoávamos nas instruções de Treinamento Físico Militar (e os mais antigos hão de lembrar) quando a exaustão se avizinhava e parecia que iríamos sucumbir. Dizia ela, dentre outras palavras: “lutar, vencer e nunca esmorecer!”

Pois, bem! Nós temos honra; nós temos fibra; nós temos moral. Assim, independente da escala do terremoto, de quão bravio seja o mar ou da tática rasteira que for utilizada, nós sempre vamos lutar, vencer e nunca esmorecer!

Avante, 14º BPM!"


Informações à Imprensa:
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Tenente Coronel Marcos Antonio Souza do Nascimento
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