Governo do Estado do Espírito Santo

Equoterapia

A história do Regimento de Polícia Montada da PMES (RPMont) pode ser dividida em dois momentos. O primeiro deles teve início com o surgimento da própria Polícia Militar em 1835, quando ainda era chamada de Guarda de Polícia Provincial. Já o segundo, há 30 anos, com o início da era moderna da Cavalaria da PM. Mas antes de falarmos da história do RPMont, é necessário embrarmos um pouco de como se deu a integração homem-cavalo há mais de 6 mil anos na Ásia Central. Historiadores afirmam que foram os nômades das estepes asiáticas os responsáveis pela domesticação do cavalo e Bjarke Rink (2008), complementa:


“Montado a cavalo, o homem pode alcançar velocidade superior à programada pela sua constituição biológica, e cavaleiro passou a ter uma relação com o tempo e o espaço diferente do resto da humanidade. Para ele, as distâncias diminuíram e o futuro se aproximou – amanhã podia ser hoje e semana que vem, amanhã. O mundo encolheu e tudo ficou ao alcance da sua ambição. Há cerca de 6 mil anos, a união simbiótica homem-cavalo quebrou a barreira do tempo biológico da humanidade e deu início à história como a conhecemos.”


Ainda nesse passeio histórico, observa-se que a cavalaria militar, considerada uma das mais antigas armas de guerra da humanidade e responsável pela conquista de diversas batalhas e territórios, era capaz de: “[...] manobrar de forma a flanquear, evitar, surpreender, retirar e escapar, de acordo com as necessidades do momento. Um homem combatendo montado num cavalo tinha também a vantagem de uma maior altura, velocidade e massa inercial sobre um oponente a pé. Outro elemento da guerra a cavalo era o impacto psicológico que um soldado montado poderia infligir sobre um oponente (WIKIPEDIA, 2013).”


No Brasil, essa capacidade da cavalaria militar foi primordial para o processo de colonização e seus primeiros registros de combate fazem parte do processo histórico de formação do território nacional.


Desde então, a cavalaria militar teve importante participação na história brasileira e foi moldando-se às mudanças na arte da guerra, todavia manteve suas principais características: mobilidade, flexibilidade e ação de choque.


No Espírito Santo, a história do emprego do cavalo pela Polícia Militar nos remete aos primeiros anos de criação da própria Polícia Militar, uma vez que na primeira metade do século XVIII os equinos já eram utilizados para o transporte dos militares que trabalhavam afastados da capital e por vários anos a Escolta de Cavalaria destacava-se como tropa de elite da PM capixaba até sua extinção na década de 60. Porém, a história moderna da Cavalaria da PM começou a ser escrita há 30 anos, quando foi criado o 1º Esquadrão de Polícia Montada, com o nome de “Esquadrão Minas Gerais”.


A data foi marcada com a promulgação da Lei nº 4.705, em 09 de dezembro de 1992, e a escolha do nome se deu em homenagem à Polícia Militar de Minas Gerais, responsável pelas fases de instalação e treinamento dos primeiros militares e equinos da polícia capixaba. Seis anos mais tarde, o Esquadrão foi emancipado administrativamente sendo alçado a Regimento de Polícia Montada, consolidando a eficácia operacional desse importante processo de policiamento empregado por polícias de todo o mundo.


Tal qual reporta a história da cavalaria medieval, nos últimos 30 anos o RPMont reescreveu sua própria história devido à necessidade de adaptação à nova realidade social, mas o fez sem deixar de lado as principais características que tornaram a cavalaria a principal arma de guerra da era medieval.


Sendo assim, mobilidade, flexibilidade e ação de choque permanecem atuais com o passar dos anos e hoje torna a Cavalaria da PM ferramenta indispensável para as políticas de segurança pública. Tem-se então que a mobilidade permite ao policial percorrer uma grande área para saturar determinada região de policiamento. A flexibilidade da cavalaria também torna possível empregar o RPMont em diversas operações policiais, como por exemplo as Operações de Policiamento Ostensivo Montado, visando coibir os crimes contra o patrimônio nos principais centros urbanos da Grande Vitória; as Operações em Aglomerados para o combate ao tráfico de drogas e homicídios mem áreas de conflitos; e as Operações em Eventos para atender ao chamado de todas Unidades de Área do Estado. Por último, a ação de choque causada pela tropa montada da PM é indispensável em situações de controle de distúrbios civis.


Além de realizar o policiamento montado diariamente, em suas diversas variações, o RPMont mantém o importante Programa Social de Equoterapia, mque tem a missão de contribuir para o desenvolvimento psicomotor de pessoas com deficiência. A Equoterapia também foi destaque Prêmio Inovação na Gestão Pública do Espírito Santo (INOVES), nos Ciclo 2007 (Menção Especial “Destaque Atividades Interdisciplinares”), Ciclo 2012 (Menção Especial “Desenvolvimento Psicossocial”), Ciclo 2013 (Menção Especial “Ricardo de Oliveira - Atitudes Empreendedoras”) e Ciclo 2014 (Vencedor na Categoria “Inclusão Social”), demonstrando sua eficácia nas ações sociais desenvolvidas pela Polícia Militar.


Os benefícios observados derivam do passo do animal, que é capaz de traduzir ao corpo do praticante um movimento tridimensional diferenciado em apenas 5% do caminhar humano. O cavalo sempre está em movimento, pois mesmo não estando em deslocamento ocorre a troca de apoio das patas, movimento da cabeça ao olhar para os lados, as flexões da coluna, o abaixar e alongar do pescoço, dentre outras ações, que impõem ao praticante um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder aos desequilíbrios provocados, segundo H. WICKERT, em sua obra “O cavalo como instrumento cinesioterapêutico”.


Esse movimento, designado como “ajuste tônico” pode ser entendido como o movimento automático de adaptação, que torna-se rítmico, com o deslocamento do cavalo ao passo. A adaptação ao ritmo é uma das peças mestras da equoterapia. O passo regular do cavalo determina um ritmo que se torna para o cavaleiro um embalo.


Com a constante procura por este tratamento, cuja prática vem obtendo excelentes resultados e a fim de oficializar e aumentar a oferta deste serviço à comunidade, houve no ano de 2020, através da Portaria n° 851-R, de 07 de outubro de 2020, o seu processo de institucionalização pela PMES, como “Programa Social de Equoterapia” instituindo o dia 10 de outubro como o "Dia da Equoterapia da PMES", e possibilitou, com isso, a celebração do Termo de Cooperação entre PMES e a Associação dos Amigos dos Autistas (AMAES), visando aumentar as equipes multidisciplinares, contribuindo para o aumento da oferta de vagas.


Com isso, o Termo de Cooperação possibilitou a realização do 1° Curso de Equoterapia, ocorrido no período de 05 de abril a 10 de maio de 2021, com carga horária de 120 horas, na qual teve por objetivo capacitar os operadores dessa prática terapêutica e contou com a participação de 12 policiais militares e 04 convidados civis, estes indicados pela AMAES.


Ainda, com intuito de homenagear militares, civis e pessoas jurídicas que labutam em prol da inclusão social de pessoas com deficiência ou com o Programa Social de Equoterapia na PMES, foi instituída a “Medalha Estrela Guia”. Cabe destacar que a Cavalaria da PMES serve de estrela guia para muitas famílias atendidas pelo Programa, afinal os praticantes conseguem potencializar suas virtudes e minimizar suas limitações motoras, sociais e psicológicas com a ajuda do cavalo, tornando-se uma verdadeira estrela guia para um futuro de mais inclusão social.


Assim, o RPMont vem prestando sessões de equoterapia à comunidade capixaba desde o ano de 1995, tendo passado por nesse período cerca de 3.000 praticantes. Este trabalho funciona atualmente na Sede do RPMont, de segunda a sábado, no horário de 08h00 às 17h00, atendendo atualmente cerca de 60 (sessenta) praticantes com uma sessão semanal de duração de 30 (trinta) minutos.

   

Maiores informações:
Regimento de Polícia Montada
Avenida Boa Vista, s/n°, bairro Boa Vista 2, Serra-ES
Telefone: (27) 3636.0281

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