Diante do clima caótico estabelecido com a greve dos caminhoneiros e consequente desabastecimento, criou-se uma situação que exigiu das forças de segurança, em especial da Polícia Militar do ES, a adoção de ações estratégicas que pudessem afastar a sociedade capixaba de um estado calamitoso. Ao contrário do que ocorrera em diversos outros Estados brasileiros, as ações sinérgicas possibilitaram o controle de uma normalidade aceitável ao contexto que vivenciamos nos últimos dias.
Conheça agora o plano de contingência que permitiu a continuidade dos serviços de segurança, hospitais, escolas, supermercados e postos de abastecimento:
Toda ação estratégica deve ser pautada no estudo das condições contextuais, do ambiente em análise. De posse das informações, avaliam-se as medidas que deverão ser adotadas para o reestabelecimento da normalidade ou, ao menos, que visem a minimização dos impactos ao corpo social.
As soluções que surgem são desenvolvidas por meio de análise e discussão das melhores ações que devem ser adotadas. Eis a importância do que se chama “Gabinete de Crises”, instaurado pelo alto Comando da Polícia Militar do Espírito Santo, no Quartel do Comando Geral, logo após os primeiros impactos impostos pela greve dos caminhoneiros.
Reunidos em ambiente apropriado, de onde podiam acompanhar em tempo real todas as alterações ocorridas nos diversos pontos de bloqueio espalhados nas rodovias federais que cortam nosso Estado, Oficiais designados pelo Comando Geral passaram a traçar estratégias que minimizassem os danos sofridos pela sociedade, em decorrência do protesto que, por consequência, interrompia a engrenagem produtiva, atingindo diretamente o funcionamento de serviços básicos e ameaçando a sobrevivência de pessoas e animais.
Diante de um problema de extrema gravidade, cujas consequências poderiam afetar fatalmente não só a economia do estado, mas também a saúde pública, traçaram-se estratégias que atendiam fases prioritárias:
Fase 01 – Gestão da frota policial: Com o abastecimento comprometido, a utilização de viaturas precisou ser restringida aos atendimentos de emergência. Os serviços administrativos precisaram ser suspensos para que as ações de policiamento ostensivo pudessem ser dinamizadas.
Fase 02 – Abastecimento de frota policial e de serviços essenciais: Os donos de postos, após tratativas, foram orientados a reservar certa quantidade de combustível que permitisse o patrulhamento normal da PMES, garantindo o atendimento dos acionamentos e o policiamento ostensivo. Do mesmo modo, garantiu-se o funcionamento de ambulâncias para os atendimentos emergenciais em todo o Estado. O transporte coletivo e escolar também foram contemplados, possibilitando o deslocamento do cidadão na garantia de seu direito de ir e vir.
Fase 03 – Liberação de cargas perecíveis e de produtos essenciais: Foi montada uma força tarefa composta por integrantes da Polícia Militar do ES, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Rodoviária Federal, IDAF e Secretaria de Agricultura para intermediar, pela via da negociação com os grevistas, a liberação de cargas perecíveis e essenciais à subsistência humana e de animais. As equipes dirigiram-se aos 32 pontos de bloqueio levantados pelo setor de inteligência da PMES e iniciaram as tratativas, possibilitando a chegada das cargas, sob escolta, aos seus destinos.
Fase 04 – Reabastecimento dos postos de combustíveis: Uma das medidas mais sensíveis e primordiais à volta da normalidade rotineira. Foram mobilizadas diversas equipes policiais para escoltar caminhões tanques aos postos de abastecimento. Os veículos foram escoltados desde sua sede, passando pela distribuidora, até chegar aos postos. Vale ressaltar que o Espírito Santo foi o primeiro estado brasileiro a normalizar o abastecimento à população. Foram 05 milhões de litros distribuídos em todo o Estado, que permitiram a execução de serviços fundamentais como coleta de lixo, escolas, hospitais e farmácias, além, é claro, da retomada da rotina do cidadão em seus deslocamentos.
Fase 05 – Escoltas da produção: Realizadas de domingo (27) a quarta (30), as escoltas foram fundamentais para o escoamento da produção, abastecendo além de supermercados e granjas, outros setores que necessitavam da chegada de insumos para a continuidade de suas atividades como, por exemplo, as estações de tratamento de água e a produção de jornal impresso.
Porém, um dos pontos mais importantes foram o carregamento e deslocamento de ração que minimizou a perda de milhares de aves. As consequências do não fornecimento dos insumos acarretariam em danos irreparáveis à economia e à saúde pública no Estado.
Fase 06 – Rota Segura: Após as tratativas entre o governo federal e sindicatos que representavam os grevistas, o anúncio das promessas cedidas aos caminhoneiros convenceu as lideranças do movimento, iniciando o processo de desmobilização dos pontos de bloqueio.
Havia, contudo, focos de resistência que agiam de forma incisiva, impedindo o tráfego daqueles que não mais desejavam participar do movimento grevista.
Para garantir o deslocamento dos caminhoneiros em nossas estradas com segurança, a cúpula da Segurança Pública criou o Rota Segura, com equipes de policiais militares e rodoviários federais para escolta dos trabalhadores.
A complexidade da crise vivenciada por todos os brasileiros exigiu medidas inteligentes, rápidas e coordenadas. Embora entendamos a justiça existente nas reivindicações dos caminhoneiros, a PMES não poderia se furtar de sua missão precípua de manutenção da ordem pública, e, por isso mesmo, demonstrou toda sua capacidade técnica no gerenciamento dessa crise, sempre pautada na negociação e respeito aos trabalhadores.
O Comando da PMES agradece a todo efetivo empenhado, cada um dentro de sua esfera de atribuição como ente fundamental na resolução dessa crise.
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