Até o nosso último suspiro de vida, cada alvorada tem seu reinício. Hoje para mim é mais que uma despedida, é um recomeço.
Despedidas são momentos inesquecíveis quando o aperto de mão fraterno e o abraço caloroso confortam aqueles que se despedem e se afastam. Infelizmente, por motivos de saúde, não pude hoje estar aqui nesta honrosa solenidade para dar e receber os cumprimentos que me seriam preciosos, nem pude receber os abraços que certamente tornariam para mim o dia de transmissão do mais honroso cargo da Polícia Militar do Espírito Santo inesquecível e, sem dúvida, daria para o novo Comandante uma imagem como nenhuma outra jamais revelada em sua alma.
Por isso, peço minhas mais profundas e sinceras escusas, por razões de força maior, não estar entregando pessoalmente a espada do Comandante-Geral, símbolo da força da maior autoridade hierárquica militar da Corporação, e cujo juramento de seu detentor é usá-la com o compromisso da justiça, da lealdade e com coragem para, em nome desta imensa plêiade de heróis e heroínas que são nossos policiais militares, defender e proteger a sociedade como fazem os anjos celestiais que lutam bravamente contra as hordas do mal.
Os Comandantes passam, assim como os ritos de passagem entre eles, mas o Comando deve continuar forte, longevo e coeso. É a instituição dentro da própria instituição. Desejo ao senhor Coronel PM Márcio Eugênio Sartório sabedoria, fé e muita temperança na condução da tropa em direção a caminhos cada vez melhores. Presto-lhe minha continência respeitosa à distância, estando aí em espírito de servir-lhe como fiel soldado que sempre fui, me juntando a fileira de frente dos combatentes, tão logo eu volte plenamente recuperado.
Agradeço a Deus por este tempo primoroso à frente da instituição. Lutei, ouvi, bradei, pude ver, ouvir e falar pessoalmente com milhares de nossos policiais, ouvir seus anseios, seus medos, suas histórias, mas, sobretudo, pude entregar-lhes a certeza de um homem simples que sou, que faria de tudo e fez de tudo, dentro da ética, respeito e legalidade, para melhorar o cenário de desesperança anterior para um transição de novos tempos, nova esperança, novos recomeços.
Agradeço a todos os oficiais e praças que me ajudaram na difícil tarefa de comandar. Vocês estavam comigo e eu estava com vocês. Em cada vitória ou em cada dificuldade, tenham certeza que eu estava sentindo o que vocês sentiram. Não houve um momento sequer que deixei de pensar na instituição. Nenhum mesmo. Todo novo comandante que era escolhido, junto com um Coronel Comandante Regional e o Subcomandante Geral ao meu lado, transmitíamos ao oficial desafiado as premissas éticas e humanas que deviam ser seguidas a partir do topo da Corporação, reverberando em todos os rincões do Estado o apanágio da autoridade concedida aos comandos, voltada única e exclusivamente para servir a sociedade. Todos os meus atos, com acertos, ou mesmo falhas que acidentalmente eu tenha cometido, foram frutos de decisões voltadas para fazer o certo e da maneira correta, sem pensamentos mesquinhos, egoístas ou de autopromoção, ao contrário, sempre conjuguei esforços de todos os setores, atores e comandos para que a Corporação e nossos militares fossem enaltecidos. Somos mais que um rosto. Somos uma legião. Somos irmãos, cultivemos a humildade aprendendo a valorizar o esforço de todos, sabendo que todos necessitamos um do outro para atingir os objetivos a que nos propusermos. Minha eterna continência à tropa.
Posso dizer que muito do que nos propusemos a fazer foi feito, resultados históricos foram alcançados, aquisições e projetos foram implementados e outros estão em andamento, mas não me atrevo a enumerar todos aqui, pois deixo a reflexão de que tudo o que foi feito ainda é pouco para o que precisa e ainda será feito, mas sem semeadores não há frutos e sem ceifadores não há colheita. Pude exercitar com todos vocês o labor de semear e colher, mas o importante é continuarmos tornando o campo fértil, acreditando que a chuva temporã nos fará contemplar pastos verdejantes, pois juntos sempre seremos um só corpo, e novos avanços e melhorias virão.
Agradeço a todos os coronéis que compõem o Alto Comando da PM. A complexidade de tarefas e decisões exigem sábios conselheiros ao nosso lado, muito embora a decisão final seja sempre solitária, sopesada pela responsabilidade una do cargo de Comandante. Mas posso afirmar que, não só na sala do Alto Comando, mas também no Gabinete do Comando-Geral, não faltaram ombros solidários em momentos difíceis e proposições agregadoras que geraram em mim a confiança de ter um excelente coronelato em posições que exigiram muito empenho, lealdade e esforço. Muito obrigado camaradas. Continuaremos juntos assessorando o nosso novo Comandante.
Ao Excelentíssimo Governador Renato Casagrande. Minha gratidão e elevado respeito. Obrigado Governador. Não só por ter confiado a mim tão nobre missão, num dos momentos mais desafiadores que a Polícia Militar já enfrentou nos últimos anos, devido a marcas dolorosas de um passado ainda vivo, mas também por sua liderança empática, estimulando sempre diálogos maduros com entendimentos necessários para superar dificuldades oportunamente. Não houve um momento sequer que o senhor deixou de ouvir os anseios que levei aos seus ouvidos, como Porta-Voz da instituição, valorizando meus argumentos, respeitando minhas posições institucionais voltadas à valorização concreta da tropa e, sobretudo, dando deferência, atenção e respeito
ao que representa o Comando-Geral da PM. Em vosso nome, quero agradecer também a Excelentíssima Senhora Vice-Governadora, todos os Excelentíssimos Secretários de Estado e demais membros da equipe de Governo. Todos foram sempre muito corteses, prestativos e parceiros. Procurei, dentro das minhas possibilidades, entregar meu melhor, sem deixar de ser leal e fiel, como sempre fui, ao senhor, ao Secretário de Segurança, como também aos meus comandados. Obrigado Governador, por entender meu pedido de afastamento para tratamento médico. Se, de algum modo, não atingi todas as expectativas de Vossa Excelência, peço aqui minhas sinceras desculpas. Sempre aprenderei com minhas deficiências, querendo evoluir como profissional, mas, principalmente, como ser humano que deseja estar cada vez mais próximo da luz, sem esconder suas imperfeiçoes e limitações.
Ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Segurança, Roberto de Sá. Obrigado por partilhar suas experiências de vida e de profissão comigo. Muito exige de si e muito cobra de todos, pois já nasceu guerreiro na luta pela vida, conhece o que é superar limites como ninguém, algo só reservado aos que enfrentaram o vale das sombras e da morte. Houve alguns momentos difíceis que ambos enfrentamos e que só nós dois conhecemos, mas, saiba, honrado Secretário, que esse Coronel com coração de aspirante jamais se esquecerá dos conselhos e dos abraços calorosos de incentivo em cada missão desafiadora que era posta por Vossa Excelência. Sua veia cinza e espirito de caveira me deram força e sou grato por feito me sentir como aquele soldado em batalha que não pode ser deixado para trás. O combatente eventualmente ferido tem a absoluta certeza que um ombro valente e amigo vai carregá-lo. O senhor, o Secretário-Chefe da Casa Militar, Cel Aguiar; o Subcomandante-Geral, Cel Assis e o Chefe do Estado-Maior, Cel Augusto, me deram essa certeza e foram ombros valentes que me carregaram num momento de infortúnio e enfermidade. Minha amizade, gratidão e respeito eterno pelos senhores.
Aos meus parceiros de jornada: Cel BM Cerqueira, Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros; Dr. Darcy Arruda, Delegado-Geral da Polícia Civil; Dr. Givaldo Vieira, Diretor-Geral do Detran; Assim como os subsecretários de Segurança Estratégica, Cel PM Souza Reis; de Inteligência, Dr. Monteiro; de Integração Institucional, Dr. Guilherme; e de Gestão Administrativa, Vinicius Xavier, meus sinceros agradecimentos. Mostramos que a integração é mais que um conceito, é uma atitude. Aprendi muito com essa parceria e faço votos que o sucesso de vocês seja resultado dessa união proativa de esforços.
À minha Família, minha razão de existir. Por ela priorizo manter-me vivo e por ela entrego minha vida para que não pereça. Minha decisão de afastamento é exatamente para cuidar desse bem mais precioso que Deus me concedeu como uma dádiva. Agradeço a minha esposa por suportar minhas necessárias e frequentes ausências, por gerar o suporte essencial que me permitiu me dedicar totalmente à missão que me foi incumbida, cuidando abnegadamente de nossos amados filhos e administrando todos os demais problemas, sendo minha força e meu esteio em todos os momentos, mantendo a compreensão e estando unida a mim em torno da missão de Comandar que exerci. Sempre busquei honrar e orgulhar minha família, minha esposa e meus filhos, meus pais e irmãos, pois esse é o maior legado que deixamos após partirmos.
Finalizo meus agradecimentos dirigindo-me a um dos seres humanos mais especiais que Deus me permitiu conhecer, o Cel PM Assis. Para mim ele não foi só o Subcomandante-Geral, mas sim meu sócio, meu parceiro, meu amigo, um grande irmão. Um homem de espírito nobre, de firme opinião, leal, conciliador, probo, solidário e justo. Eu já disse a você meu irmão, que a minha dívida de gratidão contigo e sua esposa são impagáveis. Você foi meu escudo durante as flechas, foi meu braço erguido quando já teimava em esmaecer, você foi, sobretudo, um conselheiro fiel que não me escondia os espinhos, mas me ajudava a aliviar a dor. Sua inteligência e capacidade de articular soluções, só não é maior do que o tamanho de sua generosidade e humildade. A cada sorriso incentivador seu, meu amigo, no meio da tempestade, trazia a mim a lembrança real de que as batalhas vêm e vão, e sempre devemos apreender com elas, pois a alegria, não tarda, vem logo ao amanhecer. Você sempre me recebia com alegria e um abraço amigo, dizendo: “vai dar tudo certo meu sócio.” Se eu tivesse sido Comandante-Geral sem ter tido você como meu Subcomandante, eu poderia dizer hoje que não mereceria ter exercido a função, pois você me fez enxergar muito mais nobreza em pequenos gestos do que em grandes decisões.
Para o filósofo romano Cícero (106 a.C), na amizade tudo é verdadeiro e espontâneo; independe de laços de parentesco, é uma unanimidade nas coisas divinas e humanas e se faz acompanhar de afeto e benevolência; envolve confiança, alegria, vincula-se ao amor fraterno e não a benefícios pessoais. É nesta amizade, meu nobre amigo Assis, que nos achamos juntos, mesmo quando as batalhas foram árduas, preservamos a fé em um futuro melhor, mais promissor e mais justo para nosso labor, sem perder a essência que nos fez irmãos.
Peço aplausos, portanto, dirigidos ao melhor Subcomandante-Geral que eu já conheci e, em nome do qual, peço aplausos a todos os homens e mulheres da Polícia Militar, de todos os postos e graduações, que todos os dias enfrentam os desafios de maior periculosidade e estresse do mundo, com honra e esmero profissional, nossos heróis e protetores da sociedade.
Muito obrigado a todos.
Cel PM Moacir Leonardo Vieira Barreto Mendonça
Comandante-Geral da PMES
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